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Foto: Agêncie EFE

A angústia que ainda não terminou

Por Yan Mendes

Uma parte triste de nossa história, mas que mostrou a força do Cruzeiro em competições internacionais. Este é o relato do meu dia na final da Libertadores de 2009.

Final da Libertadores 2009

Acordei naquela manhã de 15 de julho de 2009 com o coração pulsando forte no peito, uma mistura de ansiedade e entusiasmo percorrendo cada veia. Eram 8:30 quando meus olhos relutantemente se abriram, e o sol já entrava pelas frestas da janela, iluminando os posters do Cruzeiro que decoravam meu quarto. Naquele dia, meu Cruzeiro enfrentaria o Estudiantes na final da Copa Libertadores. 

Enquanto me arrumava, os pensamentos sobre o jogo me dominavam completamente. Fui para a cozinha preparar o meu café da manhã habitual, pão na chapa com ovo, um clássico que nunca falhava em me confortar. Enquanto comia, repassava na mente os possíveis cenários do jogo, cada um alternando entre a glória e a desilusão. Essa partida não era apenas um jogo, era uma batalha que podia definir um legado.

Terminado o café, decidi que precisava sair para clarear a mente. Vestindo minha camisa azul do Cruzeiro, saí de casa, localizada na Avenida Augusto de Lima, e me direcionei ao Mercado Central. Durante o trajeto, a cidade parecia respirar o mesmo ar de expectativa que eu. As ruas, normalmente um turbilhão de atividades, estavam surpreendentemente tranquilas, como se todos estivessem retendo o fôlego para a noite.

Caminhar pelo Mercado Central é sempre uma experiência única. O lugar é um microcosmo de Belo Horizonte, com seus cheiros, cores e sons. Mas naquele dia, até o mercado pulsava ao ritmo do futebol. Os vendedores e clientes conversavam animadamente sobre o jogo, cada um compartilhando suas esperanças e temores.

Depois de algumas horas absorvendo a energia do mercado, voltei para casa. O resto da manhã se arrastou, enquanto eu alternava entre assistir a programas esportivos no Sportv e checar as notícias sobre o jogo no meu telefone. A tensão estava construindo, uma mistura de nervosismo e expectativa enchendo o ar.

Por volta das 15h, o pai de um amigo passou para me pegar. Juntos, seguimos para o Mineirão. O caminho até o estádio foi um prelúdio do que viria. As ruas estavam cheias de torcedores, todos vestidos de azul e branco, cantando e acenando bandeiras. O clima era de festa, com vendedores ambulantes vendendo cervejas e churrasco, e o cheiro de tropeiro se espalhando pelo ar.

Quando chegamos ao estádio, a atmosfera era elétrica. Torcedores já começavam a se aglomerar em torno do Mineirão, cantando músicas de apoio ao Cruzeiro e compartilhando suas últimas previsões sobre o jogo. Juntei-me a eles, sentindo uma camaradagem instantânea que só o futebol pode oferecer.

Às 19h, os portões se abriram e eu estava entre os primeiros a entrar. Acessando pelo portão 3, rapidamente me dirigi à arquibancada, posicionando-me perto da área onde ficava a torcida organizada Máfia Azul. Era o epicentro da festa, com tambores, cantos e bandeiras criando uma cena vibrante.

O jogo começou e cada lance era acompanhado por uma explosão de emoções. O Cruzeiro abriu o placar, e o estádio inteiro vibrou em uníssono. Mas a alegria inicial foi gradualmente substituída por tensão à medida que o Estudiantes empatou e posteriormente virou o jogo. Os minutos finais foram agonizantes, e quando o apito final soou, o resultado de 2 a 1 para o Estudiantes deixou um silêncio pesado no ar.

O caminho de volta para casa foi o mais solitário que já fiz. Caminhei devagar, perdido em meus pensamentos, desolado com a derrota. Cada passo era um lembrete do que poderia ter sido e não foi. A cidade ao meu redor, que horas antes estava vibrante e cheia de esper

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